LIBERTADIRES
Apresentador que bateu a novela Avenida Brasil leva San Lorenzo à final
Time argentino é comandado por um apresentador de tevê e um jovem advogado
postado em 06/08/2014 13:09 / atualizado em 07/08/2014 11:40
Braitner Moreira /Correio Braziliense , Lorrane Melo /Correio Braziliense
O San Lorenzo está na decisão da Libertadores pela primeira vez na história. E, mais do que a raça demonstrada durante a competição, isso se deve à reconstrução da equipe, regida por gente teoricamente não tão capacitada, mas ao menos apaixonada pelo clube — e disposta a dar mais do que só o tempo pelo clube: o próprio dinheiro. Tudo começou com premiações para motivar os atletas a livrarem o clube do iminente rebaixamento, durante a disputa do Clausura de 2012. Agora, o investimento de Marcos Tinelli, empresário, apresentador de tevê e atual vice-presidente do clube, ajudou a transformar o que era sonho de torcedor em canção da torcida. “La Copa Libertadores es mi obsesión”, gritam os hinchas a cada dividida.
Em pouco mais de dois anos, o time do papa Francisco saiu do buraco, foi campeão argentino e mudou sua história de sofrimento: estava sempre na Libertadores, nunca na decisão. Antes dominado politicamente pelo empresário paraguaio Carlos Eusebio Abdo, o San Lorenzo transformou-se numa equipe organizada, com visão de longo prazo. Carismático, Tinelli começou a atuar nos bastidores e encontrou na presidência alguém que lhe acompanhasse: Matías Lammens, advogado e dono de uma distribuidora de vinhos, outro torcedor fanático.
Tinelli faz o tipo que detesta perder. E, nos últimos meses, além de sofrer com a classificação à decisão da Libertadores, precisou vencer outra batalha: a da audiência da tevê argentina, contra a novela importada Avenida Brasil. O atual vice-presidente do San Lorenzo é o mais bem-sucedido apresentador do país vizinho. O programa dele, Show Match, do canal El Trece, é uma mistura de João Kléber, Faustão e Silvio Santos, com uma pitada de esporte, e costuma atingir 30 pontos de audiência no horário nobre. Quando o apresentador não está no ar, o canal tem média de 13.
Fala, papa
Palco de subcelebridades argentinas (elas também existem por lá) e apelos ao papa,Marcos Tinelli usou o microfone várias vezes para pedir ajuda a Jorge Bergoglio — que, ao analisar os resultados em campo e a classificação histórica do San Lorenzo, estendeu a mão. Antes do pontificado, Francisco havia realizado uma missa no clube de Almagro, e ainda hoje mantém carteirinha e camiseta oficial. O papa recebe no Vaticano dirigentes e fãs do San Lorenzo. Nesse caso, quase a mesma coisa, pois nada alterou a simplicidade do torcedor Matías Lammens. No dia seguinte ao que foi eleito, lá estava o novo presidente na arquibancada visitante do Estádio José Dellagiovanna, assistindo ao empate contra o Tigre, pelo Campeonato Argentino.
O lado dirigente teve de cuidar de um time recém-salvo do rebaixamento para a segunda divisão nacional e com dívidas com funcionários e fornecedores que chegavam aos 13 milhões de pesos, cerca de R$ 3,7 milhões. Tomou como primeira atitude quitar os débitos, caso contrário “o San Lorenzo não jogaria no domingo”, disse, à época. Além de sanar os problemas financeiros, a popularidade conjunta de Lammens, Tinelli — e, claro, do papa — dobrou mil o número de sócios dos corvos para 90 mil. O que ainda não vale tanto quanto a obsessão: a Libertadores que ainda não veio.
A mão (e o bolso) de Francisco
No início do ano, o papa Francisco esteve com um grupo da torcida organizada do San Lorenzo e teria se disposto a participar da arrecadação de verba para reconstruir o estádio do time em seu terreno original, no bairro de Almagro, em Buenos Aires, onde hoje funciona um supermercado. O pontífice, segundo a imprensa local, ofereceu cerca de R$ 900 para comprar um metro quadrado da área.
Carrasco nacional
Para chegar à decisão, o San Lorenzo tirou da Libertadores três dos seis times brasileiros que a disputaram. O primeiro eliminado foi o Botafogo, que levou 3 x 0 na última rodada do Grupo 2: bastava um empate para passar de fase, mas o resultado não veio. Nas oitavas de final, tirou o Grêmio após disputa de pênaltis em Porto Alegre. Nas quartas, superou o Cruzeiro ao segurar o empate em 1 x 1 no Mineirão.
FICHA TÉCNICA
Nacional (PAR) x San Lorenzo (ARG)
21h15
Estádio Defensores del Chaco
Assunção (Paraguai)
Transmissão
Fox Sports e SporTV3
Libertadores
Final (jogo de ida)
NACIONAL (4-4-2)
Don; Coronel, Mendoza, Cáceres e Piris; Torales, Melgarejo, Orué e Fredy Bareiro; Montenegro e Benítez
Técnico: Gustavo Morínigo
SAN LORENZO (4-2-3-1)
Torrico; Buffarini, Fontanini, Gentiletti e Más; Villalba e Mercier, Ortigoza, Romagnoli e Piatti; Mattos (Blandi)
Técnico: Edgardo Bauza
Árbitro: Wilmar Roldán (Colômbia)
Em pouco mais de dois anos, o time do papa Francisco saiu do buraco, foi campeão argentino e mudou sua história de sofrimento: estava sempre na Libertadores, nunca na decisão. Antes dominado politicamente pelo empresário paraguaio Carlos Eusebio Abdo, o San Lorenzo transformou-se numa equipe organizada, com visão de longo prazo. Carismático, Tinelli começou a atuar nos bastidores e encontrou na presidência alguém que lhe acompanhasse: Matías Lammens, advogado e dono de uma distribuidora de vinhos, outro torcedor fanático.
Tinelli faz o tipo que detesta perder. E, nos últimos meses, além de sofrer com a classificação à decisão da Libertadores, precisou vencer outra batalha: a da audiência da tevê argentina, contra a novela importada Avenida Brasil. O atual vice-presidente do San Lorenzo é o mais bem-sucedido apresentador do país vizinho. O programa dele, Show Match, do canal El Trece, é uma mistura de João Kléber, Faustão e Silvio Santos, com uma pitada de esporte, e costuma atingir 30 pontos de audiência no horário nobre. Quando o apresentador não está no ar, o canal tem média de 13.
Fala, papa
Palco de subcelebridades argentinas (elas também existem por lá) e apelos ao papa,Marcos Tinelli usou o microfone várias vezes para pedir ajuda a Jorge Bergoglio — que, ao analisar os resultados em campo e a classificação histórica do San Lorenzo, estendeu a mão. Antes do pontificado, Francisco havia realizado uma missa no clube de Almagro, e ainda hoje mantém carteirinha e camiseta oficial. O papa recebe no Vaticano dirigentes e fãs do San Lorenzo. Nesse caso, quase a mesma coisa, pois nada alterou a simplicidade do torcedor Matías Lammens. No dia seguinte ao que foi eleito, lá estava o novo presidente na arquibancada visitante do Estádio José Dellagiovanna, assistindo ao empate contra o Tigre, pelo Campeonato Argentino.
O lado dirigente teve de cuidar de um time recém-salvo do rebaixamento para a segunda divisão nacional e com dívidas com funcionários e fornecedores que chegavam aos 13 milhões de pesos, cerca de R$ 3,7 milhões. Tomou como primeira atitude quitar os débitos, caso contrário “o San Lorenzo não jogaria no domingo”, disse, à época. Além de sanar os problemas financeiros, a popularidade conjunta de Lammens, Tinelli — e, claro, do papa — dobrou mil o número de sócios dos corvos para 90 mil. O que ainda não vale tanto quanto a obsessão: a Libertadores que ainda não veio.
A mão (e o bolso) de Francisco
No início do ano, o papa Francisco esteve com um grupo da torcida organizada do San Lorenzo e teria se disposto a participar da arrecadação de verba para reconstruir o estádio do time em seu terreno original, no bairro de Almagro, em Buenos Aires, onde hoje funciona um supermercado. O pontífice, segundo a imprensa local, ofereceu cerca de R$ 900 para comprar um metro quadrado da área.
Carrasco nacional
Para chegar à decisão, o San Lorenzo tirou da Libertadores três dos seis times brasileiros que a disputaram. O primeiro eliminado foi o Botafogo, que levou 3 x 0 na última rodada do Grupo 2: bastava um empate para passar de fase, mas o resultado não veio. Nas oitavas de final, tirou o Grêmio após disputa de pênaltis em Porto Alegre. Nas quartas, superou o Cruzeiro ao segurar o empate em 1 x 1 no Mineirão.
FICHA TÉCNICA
Nacional (PAR) x San Lorenzo (ARG)
21h15
Estádio Defensores del Chaco
Assunção (Paraguai)
Transmissão
Fox Sports e SporTV3
Libertadores
Final (jogo de ida)
NACIONAL (4-4-2)
Don; Coronel, Mendoza, Cáceres e Piris; Torales, Melgarejo, Orué e Fredy Bareiro; Montenegro e Benítez
Técnico: Gustavo Morínigo
SAN LORENZO (4-2-3-1)
Torrico; Buffarini, Fontanini, Gentiletti e Más; Villalba e Mercier, Ortigoza, Romagnoli e Piatti; Mattos (Blandi)
Técnico: Edgardo Bauza
Árbitro: Wilmar Roldán (Colômbia)