COPA AMÉRICA
Do pioneirismo à morte trágica: A história do Monumental David Arellano, o eterno Cacique
Palco de Brasil x Colômbia foi batizado com o nome da maior lenda do Colo-Colo
postado em 17/06/2015 10:00 / atualizado em 17/06/2015 14:05

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Rebeldia pioneira
Apesar de atuar num clube respeitado, Arellano não estava satisfeito com as condições de trabalho que eram oferecidas a ele e a seus companheiros. Por isso, liderou um movimento para que o clube arcasse com chuteiras, padrões de jogo e, claro, salários. Mas ao invés de dar esse passo rumo ao profissionalismo, a diretoria do Magallanes rechaçou todas as exigências dos jogadores. Em represália, ainda tomou do craque a faixa de capitão. Foi a gota d’água. Num espaço de 15 dias, esse grupo de contestadores abandonou o clube para fundar o Colo-Colo, no dia 19 de abril de 1925. O nome da nova equipe foi escolhido em homenagem a um cacique mapuche, símbolo da resistência à colonização espanhola.

Invenção?
Em 1927, a Federação Chilena escolheu o Colo-Colo para representar o país em uma excursão pelo Velho Continente. E num vapor partindo de Valparaiso, o Cacique partiu rumo à Península Ibérica, onde faria amistosos contra times portugueses e espanhois. Nessa viagem, Arellano apresentou uma grande novidade ao público espanhol: um arremate diferente, que se tornou conhecido como “chilena” em quase todo o mundo hispânico. Mas no Brasil, a jogada tem um nome - e até um inventor - diferente: Leônidas da Silva. Isso mesmo: para os chilenos, não foi o nosso “Diamante Negro” o inventor da bicicleta, e sim David Arellano. Um craque acrobático e destemido, que teria sua vida abreviada justamente em um desses lances em que ele costumava demonstrar toda a sua valentia.

Tragédia
No dia 3 de maio daquele ano, o Colo-Colo fazia seu segundo amistoso contra a Real Unión Deportiva de Valladolid. E numa disputa de bola pelo alto com o zagueiro rival David Hornia, Arellano levou a pior: o adversário caiu com o joelho por cima de seu estômago. A pancada provocou um abscesso intra-abdominal conhecido como peritonite. Nos dias de hoje, seria algo solucionável sem maiores problemas. Mas dentro das limitações da medicina da época, nada pôde ser feito. Assim, com apenas dois anos de existência, o clube chileno perdia de forma trágica seu capitão, no auge de seus 25 anos de idade.
A morte do craque causou uma enorme comoção entre os chilenos de todas as torcidas. E deixou uma marca eterna no uniforme do Cacique: pouco acima do escudo, passou a figurar uma tarja preta. Representando o luto eterno pela perda do fundador, capitão e grande referência de uma equipe que nasceu para dar ao futebol chileno suas maiores conquistas.

O parto de um sonho monumental
Mas a saudade de David Arellano era grande demais para ficar apenas estampada em negro na camisa do “Popular”. Tanto que, em meados da década de 50, o clube anunciou um projeto de construção de um estádio próprio que levaria o seu nome. Localizada na comuna de Macul, sudeste de Santiago, a praça esportiva inicialmente seria uma das sedes do Mundial de 1962. Mas em 1960, quando a obra já estava 75% concluída, o imprevisível se colocou mais uma vez no caminho do Colo-Colo. Um terremoto de grandes proporções abalou a economia chilena e, por isso, o governo optou por realizar o evento só em estádios já construídos.
