A três anos de receber a Copa do Mundo de futebol, o Catar terá a sua organização colocada à prova no Mundial de Atletismo, que começa nesta sexta-feira e vai até 6 de outubro. O país no Oriente Médio passa por tensões geopolíticas na região, com bloqueios diplomáticos de alguns países, e outra preocupação dos atletas é com o forte calor.
O estádio Khalifa, inaugurado em 1976, foi remodelado e ganhou um moderno sistema de refrigeração que esfria o ambiente e possibilita um conforto maior para os atletas, mesmo não tendo cobertura. A capacidade da arena é para 46 mil pessoas e apesar dos boatos sobre a baixa venda de ingressos, os organizadores dizem que não há preocupação quanto à presença de público.
"Eles usaram todo esse dinheiro para viabilizar a competição e já pensando no futebol criaram uma maneira de resfriamento muito especial. Aqui estava 40°C ao ar livre e dentro do estádio não passava dos 20°C às 14 horas local. Construíram um túnel que leva os atletas da pista de aquecimento diretamente para o estádio, também totalmente ventilado", explicou Carlos Alberto Cavalheiro, técnico da seleção brasileira.
A modernização do Khalifa começou em 2014 e levou três anos para transformar o icônico estádio que será usado na Copa do Mundo de 2022. Além do ar-condicionado, que segundo os operadores da arena consome 40% menos de energia que outros equipamentos equivalentes, o sistema de iluminação LED digital é outro ponto alto.
Reaberto em maio de 2017, conta ainda com espaços luxuosos, como 64 camarotes de tamanhos variados. Entre eles está um espaço VIP exclusivo para a família real do Catar. O estacionamento tem espaço para 6 mil automóveis e 2.300 ônibus. Existe ainda um museu, academia, lojas, restaurantes e espaços de convivência para os torcedores.
Rússia
A Rússia perderá o Mundial de Atletismo pela segunda vez seguida, já que a IAAF (Associação Internacional de Federações de Atletismo, na sigla em inglês) renovou a suspensão da federação russa na última segunda-feira. A entidade confirmou a decisão quatro dias antes do início da competição no Catar depois de ouvir um relatório de sua força-tarefa a cargo dos esforços de reafiliação da Rússia.
A Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) revelou que dados históricos fornecidos pela autoridade antidoping do país continham "inconsistências", o que também ameaça a participação russa na Olimpíada de Tóquio. "Estamos cientes das alegações de manipulação dos dados e que uma investigação está em andamento", disse Rune Andersen, chefe da força-tarefa da IAAF. "À luz disso, a força-tarefa recomendou que a Rusaf (federação atlética russa) não seja readmitida, e o conselho da IAAF concordou por unanimidade".
Alguns russos sem histórico de doping, como a saltadora Maria Lasitskene, a única atleta do país que detém um título mundial na atualidade, foram liberados para competir internacionalmente como esportistas neutros. Mas a bandeira russa não pode ser hasteada, nem seu hino tocado. O presidente da IAAF, Sebastian Coe, disse que, entre os membros do conselho, é "muito forte" o sentimento de que a suspensão deve ser mantida.
"Nenhum país é maior do que o Mundial", comentou o dirigente. "Não me surpreende nem remotamente que o conselho tenha endossado por unanimidade a recomendação mais forte que provavelmente tivemos até agora de que a federação russa continue suspensa. A responsabilidade de uma federação internacional é manter o equilíbrio nas competições", continuou.
A Rusaf foi suspensa em novembro de 2015, quando um relatório encomendado pela Wada encontrou indícios de doping generalizado no esporte.