Lionel Messi? Neymar? Thomas Müller? Arjen Robben? Sim, todos os jogadores citados são craques e fazem boas campanhas na Copa do Mundo. Sem dúvidas, seguem como candidatos a protagonistas. Lideram suas respectivas nações. Mas nenhum deles, até aqui, conseguiu superar o colombiano James Rodríguez, a grande sensação da competição. Camisa 10, artilheiro, articulador e cérebro da equipe comandada por José Pékerman. No início do ano, quem imaginaria que o então coadjuvante de Falcao García, cortado por conta de lesão no joelho, teria todo esse potencial para assumir a responsabilidade e conduzir Los Cafeteros à melhor participação de sua história em Mundiais? A resposta foi dada em campo. Agora, o planeta inteiro conhece James Rodríguez. E é com ele que o Brasil deve se preocupar na próxima sexta-feira, às 17h, em Fortaleza, pelas quartas de final do torneio.
“El Bandido”, “Bam bam”, “Niño Maravilha”, “James Bond”. São vários apelidos para James, natural de Cúcuta e criado em Tolima. Aos 15 anos, o craque já estava entre os profissionais do Envigado, atualmente na Primeira Divisão do Campeonato Colombiano. Depois de devolver o clube à elite, James Rodríguez foi para o Banfield, da Argentina. Disputou a Copa Libertadores, conquistou o Torneio Apertura e começou a ganhar visibilidade. Nascia ali o “Cristiano Ronaldo colombiano”, alcunha proferida pelos portugueses assim que o Porto venceu a concorrência do Benfica e confirmou a contratação da jovem promessa por 5,1 milhões de euros. O montante era referente a 70% dos direitos econômicos do armador.
Mas o futebol europeu é diferente do sul-americano. Mais corrido, mais rápido, menos cadenciado. James teve dificuldades para se adaptar ao estilo de jogo e disputou apenas duas partidas como titular nos seis primeiros meses. Tanto que, diante da pouca utilização do articulador, diversos clubes sondaram um empréstimo junto ao Porto. Um destes foi o Espanyol de Barcelona. “Ele teve de se adaptar à realidade do futebol europeu. Tinha, pela frente, jogadores estabelecidos: Hulk, Varela, Cristian Rodríguez e Mariano González. ‘El Bandido’ teve de ser paciente até poder aparecer em alta com a camisa do Porto”, diz ao Superesportes o jornalista Vítor Pinto, do jornal português Record. O Porto, por sua vez, apostou em Rodríguez. Deu certo. Não demorou muito para a formação de fortes parcerias com o brasileiro Hulk e os compatriotas Falcao García e Jackson Martínez. Vieram títulos de sobra.
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Pelo Porto, James Rodríguez disputou 108 partidas e marcou 32 gols. Ele conquistou uma Liga Europa, três Campeonatos Portugueses, uma Taça de Portugal e três troféus da Supertaça Cândido de Oliveira. Auxiliado pelo bilionário russo Dimitry Rybolovlev, o Mônaco (FRA) pagou 45 milhões de euros – valor da multa rescisória – para contratar o colombiano. Apesar da falta de títulos na primeira temporada, James fez 10 gols (nove no Campeonato Francês) em 38 partidas e contribuiu com 13 assistências. Diante desses números, a performance do meia-atacante na Copa não assusta Vítor Pinto. “Às vezes ele pecava pela falta de intensidade no Porto, mas isto não acontece em uma Copa do Mundo. O fervor patriótico e os ambientes excepcionais são suficientes para que James se sinta motivado acima do normal”, observa o jornalista português.
James dentro e fora de campo
James não se dá muito bem diante das câmeras. É tímido, acanhado e ainda sente dificuldades para conceder entrevistas. Não significa que seja desta forma no convívio com os colegas de clube. Pelo contrário: é brincalhão, sorridente e faz piadas. Tem “jeito moleque”, de bem com a vida. “Um colombiano ‘brasileiro’. Logo que o Alex Sandro (lateral-esquerdo) e eu chegamos ao Porto, ele virou nosso amigo. Saíamos juntos para tomar um café, almoçar, jantar. E o ensinamos muitas gírias brasileiras. Na frente das câmeras tinha dificuldades, mas no convívio dentro do clube era completamente descontraído”, conta à reportagem o lateral-direito Danilo, revelado nas categorias de base do América e titular do Porto.
Danilo e James conviveram no ambiente portista por duas temporadas. Negociado pelo Santos com o clube português por 13 milhões de euros em 2011, o brasileiro relembra o quão ficou impressionado ao ver o colega colombiano em ação pela primeira vez. “Desde os primeiros contatos no treino já dava para perceber que ele era diferenciado. Tivemos a oportunidade de jogar no mesmo time por dois anos. O Porto o preparou para ser grande. Jogava grandes partidas não só em Portugal, mas em toda a Europa também. Isso que está acontecendo pode ser surpresa para muitos, mas para mim, que convivi bastante com ele, não é novidade”, declara o camisa 2 do Porto.
As qualidades de James Rodríguez deixam o alerta ligado na Seleção Brasileira. Um dos responsáveis por anulá-lo será o volante Fernandinho, provável titular no jogo de sexta-feira. Luiz Gustavo, “dono” da posição, está suspenso. O camisa 5 verde-amarelo relembrou um confronto entre o Shakhtar Donetsk, seu ex-clube, e o Porto, no qual James estava presente. “Cheguei a enfrentá-lo na Champions, mas acho que era a primeira temporada dele na Europa. Ele ainda não era titular, mas entrou no decorrer da partida. Já na ocasião mostrou sua qualidade técnica com o pé esquerdo. Nesse Mundial, ele está mostrando a todo mundo por que o Mônaco pagou tanto dinheiro por ele. No jogo, o mínimo de espaço que ele tiver, melhor para o Brasil”, decreta Fernandinho.
Comparações com Valderrama
Carlos Valderrama é considerado por muitos especialistas o maior jogador da história da Colômbia. Camisa 10 nas Copas de 1990, 1994 e 1998, ele registra 111 presenças na Seleção e 11 gols. Com sua vasta cabeleira loira, o armador se destacava pelos passes precisos e ótimas assistências. Entretanto, o time dos Cafeteros até então só havia chegado às oitavas de final de uma Copa do Mundo. Com James Rodríguez foi mais além. Independentemente de passar ou não pelo Brasil, será a melhor participação de todos os tempos em Mundiais.
O próprio Valderrama admite. “Ele tem potencial para ser o melhor jogador colombiano da história”, diz o ex-craque, hoje aos 52 anos, em entrevista ao site Goal. “È único. É diferente de mim. É um jogador que pode conseguir grandes coisas. Durante muito tempo na Colômbia ele tem sido apontado para ser o próximo Carlos Valderrama. Finalmente, eles descobriram um e James Rodriguez vai ser a próxima grande estrela, não apenas agora, mas para os próximos 10 anos”, acrescenta o ex-jogador.
Com apenas 22 anos - completará 23 em julho -, James Rodríguez já soma 26 internacionalizações pela Seleção Colombiana. Cinco dos 10 gols marcados foram nesta Copa do Mundo. Muitas pessoas são cautelosas e ainda preferem colocar Valderrama no topo. Porém, com uma carreira brilhante pela frente e a possibilidade de participar de no mínimo mais dois Mundiais em alto nível, não existem dúvidas de que Rodríguez poderá se tornar o grande ícone dos Cafeteros. Talvez seja apenas uma questão de tempo.
James Rodríguez
Nome: James David Rodríguez Rubio Data de nascimento: 12 de julho de 1991 Naturalidade: Cúcuta (Colômbia) Idade: 22 anos Altura e peso: 1,80m e 72 kg Clubes: Envigado (2006 a 2007), Banfield-ARG (2008 a 2010), Porto (2010 a 2013) e Monaco (2013 - presente) Títulos: Primeira B da Colômbia (2007), Torneio Aperutra - Argentina (2009), Liga Europa (2010/2011), Campeonato Português (2010/2011, 2011/2012, 2012/2013), Taça de Portugal (2010/2011), Supertaça de Portugal (2010, 2011 e 2012) Seleção Colombiana: 26 jogos e 10 gols (desde 2011)