Depois de cinco anos decidindo o título, o GP do Brasil de 2010, ontem, passou a vez para Abu Dhabi, no próximo domingo, e em grande estilo. Único piloto que poderia sair de Interlagos com o título, Fernando Alonso (Ferrari) subiu ao pódio em terceiro lugar, acompanhado da dupla da Red Bull: o alemão Sebastian Vettel (vencedor) e o australiano Mark Webber (segundo). O espanhol ainda viu a classificação do Mundial de Pilotos embolar.

Assim, a decisão no circuito futurista de Yas Marina, nos Emirados Árabes, terá quatro concorrentes ao título – além do trio, tem pequena chance o inglês Lewis Hamilton (McLaren)–, condição inédita na prova de encerramento de uma temporada. Em 1986, Nelson Piquet, Nigel Mansell e Alain Prost decidiram na última prova, na Austrália, com triunfo do francês. E, em 2007, Kimi Raikkonen levou a melhor sobre Alonso e Hamilton, também em São Paulo.

Líder, o espanhol vai a Abu Dhabi com 11 pontos a mais do que Webber e pode até chegar em segundo lugar para ser tricampeão, não importando a classificação dos concorrentes. Todos os outros candidatos, no entanto, dependem de combinação de resultados. Apesar da situação favorável, Alonso tem muito com o que se preocupar. Em 2009, na estreia do belo circuito dos Emirados, Vettel foi o vencedor, seguido pelo companheiro, enquanto Alonso foi apenas 15º. Por ser uma pista com poucos pontos de ultrapassagem e muito próxima do muro, qualquer erro pode ser fatal e largar na frente será fundamental. Neste ano, a Red Bull tem sido soberana nos treinos classificatórios.

Com os adversários na cola, o bicampeão evita o discurso do “já ganhou” e valoriza os resultados, fazendo questão de dizer que a disputa pelo título está aberta. “Fiquei feliz por chegar ao pódio, por terminar na frente do Hamilton e do Button. Será um fim de semana estressante para todos nós, mas a F-1 é assim. Tudo pode acontecer. Começaremos do zero e veremos quem consegue fazer o melhor trabalho em sete dias”, avalia o campeão de 2005 e 2006.

JOGO DE EQUIPE Com maiores chances de ultrapassar o líder, Webber comentou a possibilidade de jogo de equipe em Abu Dhabi. “Uma troca de posições ajudaria, mas não é a filosofia da equipe. Vettel andou muito bem e venceu. O time tem a posição que sempre foi a minha no lado esportivo. Fernando conseguiu alguns pontos em Hockenheim por ordens de equipe (o brasileiro Felipe Massa cedeu a vitória ao espanhol), o que aconteceu no passado e pode acontecer de novo no futuro. Ainda tenho boa chance e farei o melhor”, disse o australiano de 34 anos, sonhando com seu primeiro título mundial.

Com 15 pontos de diferença para o líder, contra oito do parceiro, Vettel também deixou no ar possível interferência da Red Bull nas posições de sua dupla. “Vou para Abu Dhabi tentar dar o meu melhor. Nosso carro é forte e tenho de confiar nisso. A única coisa que posso dizer é que é óbvio se tratar de algo em que pensaria (ajudar Webber).” Questionado novamente se abriria mão da vitória, no entanto, o alemão despistou: “Na infância, não gostava que meus pais mentissem para mim quando eu fazia perguntas. Agora, estou em boa posição para poder mentir para você. Então, é isso.”

Com poucas chances de título, mas ainda na disputa, Hamilton não se dá ao luxo de sonhar com o bi (venceu em 2008). “Para mim, Interlagos foi uma das piores corridas em termos de performance do carro. As chances de título agora são mínimas.”

Meros integrantes do pelotão de trás, os brasileiros fizeram corrida para esquecer. Rubens Barrichello teve um pneu furado e foi o 14º; Massa, prejudicado pela equipe nos boxes, 15º; Bruno Senna, 21º; Lucas di Grassi, com problemas de suspensão, 23º. Para Felipe, assegurado na Ferrari, resta pensar em 2011. “Foi uma das minhas piores corridas no Brasil, um desastre. Agora, a motivação é me concentrar para a última prova e, mais ainda, para o ano que vem.” Abu Dhabi é sua chance final de subir ao topo do pódio pela primeira vez desde 2008.