‘Um jogo e dois Brasis.’ Assim pode ser explicada a emocionante vitória da Seleção Brasileira sobre Cuba, ontem, por 3 a 2 (18/25, 21/25, 25/16, 30/28 e 15/12), na Ergo Arena, em Gdansk (Polônia), na estreia do Grupo F da fase final da Liga Mundial Masculina de Vôlei. O time comandado pelo técnico Bernardinho saiu de uma derrota iminente para uma vitória espetacular, quando não faltou garra e coração, acima de tudo. Hoje, o segundo jogo, às 8h30 (de Brasília, Sportv), contra os EUA.
Bernardinho optou por iniciar a partida com uma equipe que, ao longo da fase de classificação, tinha mostrado muita instabilidade, deixando o capitão Giba e o meio de rede Sidão (melhor bloqueio brasileiro até então) de fora. A equipe começou com Marlon, Leandro Vissotto, Rodrigão, Lucão, Dante, Murilo e Escadinha (líbero). A impressão inicial era de que o treinador não se preocupava só com os cubanos, mas que já preparava o terreno para a partida contra os norte-americanos. A escalação de Marlon e não de Bruno leva a pensar isso. Afinal de contas, em todos os quatro confrontos da primeira fase, quem jogou foi Bruno.
No início, o Brasil foi um time lento em quadra. Os cubanos abriram, facilmente, 15/10. O time de Bernardinho não conseguiu tirar a diferença e viu o adversário abrir 1 a 0. No segundo set, a mesma história e Cuba ampliou a vantagem. A atuação brasileira na defesa era tão que, por diversas vezes, o líbero Escadinha virou levantador.
No tie-break, valeu a maior experiência do Brasil, diante de um time muito jovem, renovado recentemente. O bloqueio funcionou, amortecendo a bola para a defesa. Giba se destacou. E Lucão, muito perto da perfeição, foi o melhor em quadra, e o maior pontuador, 20 pontos, com o cubano León. Alívio geral com a vitória. Não houve tempo para festa. O capitão Giba tratou de acabar com ela. “É hora de deixar Cuba para trás e já focar nos EUA. Jogar contra Cuba é sempre impressionante. Eles têm jogadores muito fortes e sabem usar isso.”
ERRO Bernardinho admitiu ter errado na escalação da equipe. “Fiz algumas opções erradas para esta partida e tivemos que tentar corrigir ao longo do jogo. A equipe não rendeu o que esperávamos no começo e a postura não foi boa. Depois, lutamos e mostramos empenho para reverter. Essa atuação deve gerar uma reflexão, pois teremos duas equipes mais experientes que a cubana e talvez não tenhamos chance de buscar o resultado como foi desta vez.”
O técnico se preocupa por não ter somado três pontos. “Nossa situação não está tão boa, porque só fizemos dois pontos. Os EUA perderam a primeira e precisam vencer para manter as chances. Será um jogo decisivo para os dois lados.”
Um gigante em quadra
Com 20 pontos na partida, sendo 18 de ataque, um de bloqueio e um de saque, o meio de rede do Brasil, Lucas Saatkamp, ou Lucão, entra para a história, como primeiro jogador da posição de meio de rede a terminar um jogo como maior pontuador e também o primeiro a atingir a marca dos 20 pontos com a camisa da Seleção Brasileira. Ele dividiu o posto de maior pontuador do jogo com o cubano León. Pode-se dizer que o jogo contra Cuba marca a volta por cima do jogador, pois ele esteve em baixa com o técnico Bernardinho, com quem chegou a bater boca por duas vezes, na derrota por 3 a 1 para os EUA, no Mineirinho, e ao ser substituído contra a Polônia, na semana passada. “Consegui um bom aproveitamento no começo e os levantadores confiaram e seguiram me acionando. Recebi muitas bolas e fico feliz por ter ajudado.
O bloqueio também funcionou bem e gerou vários contra-ataques. Não comecei bem no saque, mas quando passamos a sacar mais direcionado, consegui melhorar”, disse o jogador, que tem o melhor aproveitamento da primeira rodada da fase final desta Liga Mundial, com 78,26% de aproveitamento: acertou 18 das 23 bolas em que foi acionado no ataque.
Pedra no sapato
Os Estados Unidos são uma das seleções que mais trazem problemas ao Brasil, em função do estilo semelhante ao do time verde e amarelo. O jogo adversário é baseado na constância, no erro zero, o que é uma tradição do vôlei daquele país. O pensamento do técnico Alan Knipe é “tirando os erros, estaremos diminuindo as chances de vitória do adversário, já que eles irão falhar”. A relação saque bloqueio é a base do jogo norte-americano. Têm o jogador que é considerado o melhor sacador do mundo, o oposto Stanley, que é também um dos que recebem as bolas de precisão, assim como o ponteiro e capitão Priddy, e o outro jogador da posição, Anderson. O levantador, Thornton, é bastante eficiente, embora não seja tão criativo. A derrota de ontem acendeu o sinal de alerta, pois uma novo resultado negativo tirará as chances de passar às semifinais.
Na partida de ontem, os EUA começaram a partida melhores que os russos, no entanto, o rendimento foi caindo, o que segundo o treinador, se explica pela diferença de fuso horário, pois fizeram os últimos jogos em casa e a diferença para a Polônia é de oito horas. O jet-lag, segundo eles, é o maior adversário nessa fase final.